sexta-feira, setembro 14

A palavras loucas orelhas moucas



Manuela Ferreira Leite, Marcelo Rebelo de Sousa, José Pacheco Pereira, fazem parte de um núcleo de militantes do partido social-democrata que utiliza o seu capital de imagem para fazer valer perante a opinião pública, os seus pontos de vista relativamente aos caminhos que pensam dever ser seguidos quanto à metodologia de governança a ser aplicada.

Caminhos esses que visam sustentar modelos que defendem os interesses de determinados poderes, chamados de corporativos, que se instalaram no nosso país logo após o processo de democratização com o apoio da própria classe política, pertencente ao arco da governação. Trata-se de um poder tentacular que se infiltrou em toda a malha económica do nosso tecido empresarial, assessorando-se dos mais variados elementos ligados à jurisprudência, fazendo assim com que as leis fossem feitas e aplicadas de forma a salvaguardar as suas posições e tomadas de decisão.

O nosso país que é nos dias de hoje considerado pela imprensa internacional como o país mais pobre da Europa ocidental, foi liminarmente saqueado no que aos fundos comunitários diz respeito, tendo-se visto privado da sua capacidade produtiva. O investimento ficou reduzido à escala nacional dando lugar ao poder hegemónico dos grandes grupos, no abastecimento, na comunicação, na distribuição. O país vizinho fez uma entrada de leão nos nossos mercados com as suas várias áreas de actividade, sobretudo ao nível do comércio e da distribuição; muito contribuímos nós para o “superavit” dos seus anos gloriosos, em detrimento do nosso sector produtivo, no que aos meios e à formação profissional diz respeito.

O Estado transformou-se no maior empregador de que há memória, a administração pública já transpira por todos os poros de tão gorda, a generalidade dos cidadãos depende do Estado para tudo: o sector da saúde, da educação e da solidariedade transportam uma cruz pesada, difícil de carregar…

Está, portanto, fora da minha compreensão entender a posição das chamadas elites políticas, intelectuais, empresariais, perante o presente estado deficitário em que o país se encontra, com a consequente perda de soberania e a falta dos meios necessários à sobrevivência de numerosos extractos sociais. Batemos no fundo, facto resultante de paradigmas desconformes de gestão; a nossa barriga foi pródiga a empurrar os problemas. No entanto, guardámos a capacidade de nos reerguer, podemos e devemos fazer confiança numa equipa inovadora, séria e esforçada de técnicos credenciados para poder proceder à requalificação do “status quo” que orienta o crescimento sustentável da nossa economia. Tenho a certeza de que a liderança do CDS-PP estará ao nível, apesar do ruído, do reconhecimento que é necessário para a mudança que se impõe, fazendo orelhas moucas às palavras loucas da mais díspar proveniência.