sexta-feira, junho 29

"Eclyse"


Eclyse é o nome de um animal híbrido que nasceu do cruzamento de um cavalo com uma zebra. Actualmente a viver no “Safari Park Stukenbrock” na Alemanha, nasceu numa quinta no norte da Itália, para onde a sua mãe zebra foi enviada ao encontro de seu pai.

terça-feira, junho 26

Kaputt


Se o actual líder do PSD não é substituído brevemente, assim como toda a direcção, o partido corre o risco de ver ir por água abaixo todo o trabalho desenvolvido desde a sua fundação até à saída de Durão Barroso, por aqueles que são hoje considerados os militantes históricos daquele partido.
A estratégia que Marques Mendes tem vindo a adoptar para recuperar o eleitorado centrista é profundamente errada, não beneficia o partido, e só contribui para que a sua presença no espectro político-partidário seja cada vez menos expressiva.
O partido socialista que acaba de ocupar a face centrista da política e até parte da do centro-direita, resultando este facto das inevitabilidades da gestão governativa, por imposição das directivas que emanam do parlamento europeu, deslocou-se, também do ponto de vista ideológico, de uma posição de centro-esquerda para a de centro-direita, onde, tudo indica, irá permanecer. Isto só foi possível acontecer a partir do acto eleitoral que lhe deu a vitória, no seguimento do abandono das funções governativas por parte de Durão Barroso. Tenho a certeza de que se o executivo de DB se mantivesse hoje no poder, cumpriria precisamente o mesmo programa de reformas e a mesma política de investimento, à semelhança da que tem vindo a ser seguida por José Sócrates.
Portanto, Marques Mendes ao optar por contestar unilateralmente a política do governo, está a cultivar o divórcio entre o PSD e os eleitores que fazem parte daquela área política tradicionalmente afecta a esta circunscrição partidária.
A facção que representa a esquerda profunda dentro do partido socialista, afecta a Mário Soares, e que, presentemente, não oferece contestação no aparelho do partido, num futuro próximo, ou se constitui num partido autónomo sob o patrocínio de Manuel Alegre, ou acaba por ser absorvida pelo Bloco de Esquerda, se Francisco Louçã provar ser mais hábil do que Paulo Portas, no sentido de ser capaz de limar as diferenças entre estes dois eleitorados. O PSD precisará de um líder que se situe no universo ideológico do centro-direita - já que Paulo Portas, ao que tudo indica, muito dificilmente deixará de ser o “partido do táxi” – onde está situado o seu potencial eleitorado. Tentar disputar com o partido socialista aquele que é hoje designado como o eleitorado do centro não passa de uma quimera, depois das sucessivas etapas ultrapassadas com sucesso pelo executivo de José Sócrates, que irão culminar com a assinatura do futuro Tratado Europeu a ter lugar durante a sua presidência e o lançamento a concurso daquela que irá ser a obra emblemática do seu mandato, a construção do futuro aeroporto internacional de Lisboa.

segunda-feira, junho 25

O términus de uma presidência europeia de sucesso


Pontuou a inteligência da presidência portuguesa ao exigir um mandato claro aos estados que fazem parte da União Europeia, que lhe permitisse dar andamento à elaboração do documento que servirá de base ao novo Tratado de Lisboa. Ângela Merkel teve um excelente desempenho aos longo destes seis meses em que presidiu à EU, orientou o foco das atenções no sentido de tornar exequível a assinatura de um tratado, indispensável à prossecução de um projecto mantido em stand-by, pela obstinação francesa em bloquear as negociações a todo o custo, com a finalidade de não vir a ser lesada pelos benefícios concedidos no quadro da política agrícola interna.
Não faz sentido uma Europa a várias velocidades. A flexibilização laboral tem que ser aplicada à escala global europeia, assim como a reforma dos sistemas de ensino e os incentivos à formação profissional. A política tributária terá que ser idêntica em todos os estados, assim como é da maior importância a existência de uma política salarial comum em função do grau de qualificação de cada activo. Desburocratizar o funcionamento das instituições através da modernização dos seus métodos de trabalho e dotar os tribunais dos meios necessários, com vista a uma maior celeridade e eficácia processual, deverão vir, também, no meu entender, a fazer parte da agenda da EU, em matéria da regulamentação adequada e sua aplicação. Aos governos de cada estado-membro deverá caber a captação, o incentivo e o apoio ao investimento em função dos sectores da economia que pretendem ver desenvolvidos, de acordo com as potencialidades de cada país nos domínios geoestratégico e das valências humana e cultural.
É assim que eu concebo a União Europeia dos estados.

quinta-feira, junho 21

A construção do novo aeroporto - O "case study" da actualidade portuguesa


A construção de um novo aeroporto será sempre uma obra emblemática de uma legislatura e, decerto, garantirá o mandato subsequente do governo que mandar edificar esta infra-estrutura. E, é basicamente esta questão essencial, que tem alimentado toda a polémica proveniente dos vários sectores da sociedade, que se opõem à construção do novo aeroporto internacional na Ota.
A estrutura da sociedade portuguesa está assente em pilares de conveniências afectos aos lobbies, às clientelas, aos múltiplos interesses corporativos, todos eles dependentes, quer directa ou indirectamente, do aparelho institucional do Estado. Por isso, qualquer propósito reformista, qualquer decisão que venha a ser tomada pelo governo, susceptível de abalar essa estrutura, encontrará sempre a maior das contestações, ao que se lhe seguirá o back up das instituições politico-partidárias igualmente envolvidas nesse triângulo de influências, constituído pelos politicos, pelos partidos e pelos grupos de pressão que representam a sociedade civil.
É risível o paradigma da argumentação que emerge das hostes politico-partidárias da oposição contra a construção do novo aeroporto na Ota, cujo epicentro é, como não poderia deixar de ser, num país a debater-se com uma carência de meios profunda e generalizada, o avultado investimento envolvido na implementação desse equipamento aeroportuário. Apesar de a realidade dos factos demonstrar que eles próprios já autorizaram a elaboração e o pagamento de milhões em estudos durante a vigência dos seus próprios ministérios, a desfaçatez e o cinismo não conhecem fronteiras, são imunes à própria ética que aconselha racionalidade e bom senso.
Para além de tudo isto, apercebemo-nos da falta de visão estratégica de que sofre a maior parte dos nossos políticos, em clara dissonância com o espírito que aponta para a inevitabilidade da reforma do actual modelo institucional, que acompanha a natural evolução da sociedade e que resulta de uma nova realidade imposta pela livre circulação de pessoas e bens num espaço alargado, materializado pela união europeia dos estados, do subsequente fenómeno social da multiculturalidade e de uma nova ordem económica protagonizada pela semântica da globalização.

segunda-feira, junho 18

Londres com número record de visitantes


A capital britânica Londres transformou-se no maior centro cultural europeu, na vanguarda da inovação e da criatividade no campo das artes plásticas, possuindo igualmente uma agenda bastante preenchida em termos de espectáculos musicais, teatrais e de bailado. De igual modo, está prestes a deter o título de maior praça financeira mundial, destronando assim o maior centro de negócios por excelência que ainda é hoje a praça de Nova Iorque.
Os índices que comprovam o aumento do fluxo turístico do ano passado, reflectem, em parte, a política que tem vindo a ser seguida, nomeadamente no apoio às artes plásticas, tendo como consequência a abertura a novos mercados, no plano cultural, de países como a Rússia, a China e a Índia. A praça financeira londrina está a ser “invadida” por capitais provenientes de empresas daquelas economias emergentes, que apostam neste mercado financeiro para rentabilizar os seus activos, pelo que se prevê que, em breve, venha a ocupar uma posição de liderança, a nível mundial.
Existe já uma política de intercâmbio cultural entre Londres e Beijing, cujo objectivo é a captação do mercado turístico chinês que, se prevê, em 2020 venha a atingir os 100 milhões de turistas. A realização dos jogos olímpicos em Beijing, em 2008, e em Londres, em 2012, está a facultar a aproximação entre estes dois países. Inclusivamente, o design do logótipo dos jogos de 2012, a ter lugar em Londres, foi inspirado na arte do grafitti que, certamente, chamará a atenção da camada mais jovem de visitantes, sobretudo da chinesa.
Altos patrocínios estão já a ser dados pelas empresas inglesas às actividades culturais chinesas, no apoio à deslocação de artistas chineses a Londres, incluindo o “tour” em 2008 da Companhia Real de Bailado chinesa. Por seu lado, deslocar-se-ão a Beijing, a Royal Ballet Company e a Royal Opera House, por altura dos jogos olímpicos em 2008, com vista a participarem em eventos culturais.
Mas, o apoio às artes, por parte das altas esferas inglesas tem um carácter abrangente. No próximo dia 22, terá início em Londres, a exposição de arte contemporânea “Recognize”, onde estão representados cerca de 40 artistas plásticos internacionais, a maior parte natural de países do Médio-oriente, cujo tema central é a natureza artística do objecto criado, longe da redutora interpretação do alcance político ou religioso. No mês de Julho terá lugar um festival de música indiano que está previsto concentrar em Londres financeiros, industriais, diplomatas e outras figuras ligadas à cultura.
Poder-se-à concluir que os países que apostarem no apoio aos eventos de carácter cultural, estarão na linha da frente em matéria de crescimento das suas actividades económicas ligadas ao turismo.

sábado, junho 16

Um exemplo de um Momento Chávez



…porque nos tornámos, realmente, num país de bananas onde cada vez menos fazem frente ao candidato a autocrata que manda neste canto da Europa. País onde se dobra a espinha, se mendigam benesses, se calam opiniões, se vive acobardado, se justifica tudo remetendo não para a inteligência, mas para as conveniências.”
Do editorial do Público de 15.06, assinado por José Manuel Fernandes

O desespero de José Manuel Fernandes na luta pela sobrevivência do jornal onde trabalha, face à pressão que deve estar a ser alvo por parte da sua entidade patronal, o grupo Sonae, que não viu viabilizada a OPA à Portugal Telecom e cuja culpa atribui ao governo, é tanto que o leva a escrever estas palavras, as mesmas que eventualmente justificariam a atitude do governo se tivesse exercido o seu poder de influência para que a OPA da Sonae à PT resultasse num êxito.
Que a senhora em foco no seu artigo roça alguma boçalidade, é verdade. Que utilizou critérios bastante discutíveis que vieram a servir de base à instauração de um processo disciplinar, também é verdade. Mas, convenhamos, demitir a senhora em questão, que conduzida por um excesso de zelo ousou ofender a dignidade de um seu subalterno, instaurando-lhe um processo disciplinar, e pôr em causa um dos princípios basilares da democracia representativa, o da liberdade de expressão, mesmo que traduzida em ofensas aos nossos governantes, isso também é demais! Uma cedência desse tipo por parte do governo, configuraria uma manifesta atitude de fragilidade. E um governo fragilizado perante os cidadãos, perante os seus eleitores, é um governo que não consegue pôr em prática a política de reformas a que se propôs e que consta do seu programa de governo. Pois, é que existem pessoas que não convivem bem com a estabilidade política e muito menos com a cooperação estratégica.
Mas, eu, parafraseando o povo, vou "dar-lhe um desconto", pelos muitos e bons artigos com que ele já nos brindou ao longo da sua carreira jornalística.

quinta-feira, junho 14

Playing violin...



Ontem, o programa Quadratura do Circulo transmitido pela Sic Notícias foi fértil em nonsense q.b. Fez, sobretudo, falta o comentador que habitualmente costuma exercer o contraditório, o Dr. Jorge Coelho.
António Lobo Xavier ali representante da franja do espectro político-partidário da direita (neo-conservadora ou liberal?), não contribuiu em nada para a seriedade da imagem do seu partido, pela sua posição de defensor público - já para não falar do privado: associativismo a quanto obrigas! - de um dos dirigentes desportivos que mais polémica tem gerado no meio futebolístico português, pelas suas práticas alegadamente envoltas num cenário de corrupção activa, cujos contornos são em tudo semelhantes e nos fazem lembrar a máfia napolitana, ensaiada para televisão na versão americana, mais actualizada, pela magistral série de ficção de Os Sopranos.
Existem no seio do PSD militantes que vão ficar na história pelas acções corajosas que empreenderam durante o exercício da sua vida pública activa, e um deles é o Dr. Rui Rio que, para além de ter conseguido a proeza de ser eleito presidente de uma Câmara Municipal, anteriormente com fortes e visíveis ligações ao mundo do futebol local, mesmo sendo conhecida a sua posição de neutralidade e distanciamento em relação à coabitação entre estas duas grandes áreas de poder, conseguiu desfazer e erradicar essa aliança, assim, promovendo uma gestão camarária assente na separação de poderes, próprio de um regime democrático que se preza.
Numa outra vertente daquela transmissão televisiva, exigiu-se a demissão do actual ministro das obras públicas porque ousou estabelecer um corte na frequência da onda que vinha alimentando a polémica gerada pelo loby anti-Ota, sobre a localização do novo aeroporto internacional. Mas este é tema para um próximo post.


segunda-feira, junho 11

Tratado Constitucional Europeu

Tenho em mente as últimas eleições para o parlamento europeu. Recordo-me do lavar de roupa suja que rodeou a campanha dos candidatos cabeça-de-lista pelos partidos socialista e social-democrata. Do fatídico incidente que envolveu a morte de Sousa Franco, vitima de um verdadeiro arrastão entre facções político-partidárias, para o qual não estava física e emocionalmente preparado.
Foi uma campanha vergonhosa a toda a prova. Os debates que podiam ter sido realizados para esclarecer a opinião pública sobre a instituição união europeia e as implicações da integração do nosso país sob o domínio desse hemisfério político, à semelhança do que aconteceu com a nossa vizinha Espanha, em que os partidos se juntavam em tertúlia nos debates televisivos, o que se passou entre nós foi a disputa partidária, até à exaustão, pelos poucos lugares que nos estavam destinados. A consequência dessa menoridade política foi o elevado índice de abstenção com o qual os eleitores se dignaram brindar as nossas instituições politico-partidárias.
É neste clima de verdadeira inépcia política, em que a maior parte dos cidadãos, não está minimamente preparada, por falta de conhecimento da matéria, para poder opinar sobre o que quer que seja que envolva o nosso país num regime de observância de normas comunitariamente pré-estabelecidas, do plano jurídico, económico e social, que os nossos políticos, nomeadamente os da oposição, pretendem referendar aquele que irá ser o futuro Tratado (mini-Tratado ou Tratado simplificado) Constitucional Europeu.
A cimeira do G8 acabou por dar lugar a um entendimento particular entre os três principais actores da cena política europeia - Angela Merkel, Blair e Sarkosy – no sentido da ratificação de um tratado por via parlamentar como opção ao recurso ao referendo, destinado a potenciar a reforma das instituições da União Europeia no seguimento do seu rápido alargamento. No contexto europeu, veio a verificar-se eficaz a eleição de Sarkosy, agora com força acrescida pela vitória expressiva do seu partido nas eleições legislativas, como a chave para a resolução do impasse provocado pela França ao vetar o tratado em referendo.
Em Portugal, neste momento para a oposição, a realização do referendo transformou-se numa questão essencial, consagrando-se como questão acessória as necessárias e urgentes medidas a tomar com vista ao crescimento económico que se deseja rápido e substantivo, antes que todos nós pereçamos desta doença endémica que nos corrói as entranhas e nos atirará para o mais profundo dos fossos de que há memória na nossa história do passado recente.


domingo, junho 10

A morte anunciada do protocolo de Kyoto


Da cimeira do G8, sobre o tema do sobreaquecimento global, pode-se concluir que o protocolo de Kyoto deixa de fazer sentido, ao ser substituído por um propósito abraçado por G.W. Bush, em contornar as Nações Unidas realizando uma série de reuniões multilaterais com os principais países poluidores – Estados-Unidos, Canada, China, Índia, Japão – no sentido de chegarem a um acordo para a redução das emissões de CO2, baseando-se mais em soluções que envolvam a “performance” do ponto de vista tecnológico com vista a uma maior eficácia energética, do que, propriamente dito, em limitar a emissão dos gases poluentes. “The Asian-Pacific Partnership on Clean Development and Climate” é o nome institucional que será dado a esse novo processo de abordagem deste problema, sob a égide dos E.U.A.
G.W.Bush dá assim a volta por cima à tentativa de Ângela Merkel de isolar os Estados-Unidos, constituindo este facto um verdadeiro revés diplomático para a chanceler alemã.
Por outro lado, os Estados-Unidos nunca assinariam um acordo que não vinculasse também a China, um dos maiores países poluidores, em breve senão mesmo o maior, e a China, por seu lado, não assinará qualquer acordo de compromisso que indirectamente implique uma desaceleração do seu crescimento económico.

Ler mais sobre este tema aqui.
Fotos que ilustram as mudanças climáticas
aqui.


quinta-feira, junho 7

Arte ao envelhecer


A sociedade portuguesa encontra-se a muitos anos-luz de maturidade da maior parte das sociedades dos países europeus mais desenvolvidos. Enquanto os nossos idosos passam as tardes nos bancos dos jardins ou nas salas de convívio das juntas de freguesia a jogar às cartas para queimar o tempo que lhes resta, no Reino-Unido cerca de 40 octogenários conhecidos pelo nome de “The Zimmers” formaram uma banda rock, que começa por reproduzir a composição musical “My Generation” dos Who.
O clip de My Generation dos Zimmers já se tornou um clássico, um vídeo de culto no website do YouTube, para além de ter subido ao 26º lugar no Top 40 das músicas mais vendidas.
Ver a terceira idade por um prisma diferente apoiando-a e incutindo-lhe a confiança de que necessita para continuar a caminhar é apanágio de uma sociedade desenvolvida que se rege sobretudo por critérios humanitários e em que, infelizmente, a nossa não se inclui.

sábado, junho 2

Um mercado de escravos às portas de Lisboa



Portugal, com cerca de 5 milhões de emigrantes a viver no estrangeiro, depara-se agora com uma nova realidade, não menos desoladora, do que a do facto de inúmeras famílias se verem obrigadas a trabalhar fora da sua terra natal para poderem sobreviver, que é o número crescente de imigrantes provenientes do Brasil, de Cabo Verde e da Ucrânia que estão a ser alvo de exploração, por parte de empresas de construção civil que os “contratam” à semana, em condições desumanas fazendo lembrar os mercados de escravos do século passado.
Esta notícia acaba de ser publicada no jornal italiano Corriere della Sera, que nos descreve, em pormenor, os tormentos por que passam estes homens - a maior parte a viver em situação de clandestinidade no nosso país -, na esperança de serem contratados, ainda que numa situação de elevada precariedade, pois só assim, poderão assistir às necessidades básicas das suas famílias que os aguardam nos bairros da periferia da cidade de Lisboa.
O local de encontro é na zona do Campo Grande, debaixo do viaduto da 2ª circular, à 2ª feira, por volta das 6:30 da manhã. O contratante com base na avaliação que faz da condição física do trabalhador, compra ou não a sua força de trabalho. Estabelece pagar um preço, entre 50 a 75 € por dia, mas só depois de o ver a trabalhar. Os que não foram contratados, regressam na 4ª feira seguinte, dia em que o contratante passará de novo para adquirir novas forças de trabalho destinadas a substituir as que, entretanto, já deram provas da sua "incapacidade".
O quadro a que se assiste é o da luta pela sobrevivência. Seres humanos empurrando-se uns aos outros para chamar a atenção na esperança de serem escolhidos, uma avaliação feita num segundo e um taipal de camioneta que desce, permitindo a subida precipitada de corpos humanos que são transportados como gado até aos estaleiros das obras onde irão permanecer durante a semana.

Isto passa-se no nosso país, um estado comunitário europeu, no século XXI.