Neste final de semana o CDS/PP mandou vários avisos à navegação. Senão vejamos: os contornos que rodeiam o insólito episódio do anúncio do candidato popular à Câmara Municipal de Lisboa. Começa por ser inédito e termina sem grandes surpresas com a formalização da candidatura de Telmo Correia que, como já era de esperar, e perante a impossibilidade prática de poder ser Maria José Nogueira Pinto, é o militante que se encontra em melhor posicão para representar aquele partido nesta eleição municipal.
Sob clima de grande secretismo, fontes deste partido sussuraram aos ouvidos da imprensa o nome de Luís Nobre Guedes que, de entre os quatro possíveis candidatos mencionados por Paulo Portas, todos eles perdedores, este seria o mais perdedor, logo seguido de Teresa Caeiro, Telmo Correia e Paulo Portas. Tenho as minhas dúvidas se PP não ocuparia o honroso 3º lugar na lista da classificação dos candidatos perdedores, passando TC a ocupar o 4º lugar.
Da parte do partido socialista que apresenta um candidato forte e aparentemente não precisa de se entender com ninguém, não foi dado o sinal de que PP tanto esperava, capaz de antecipar a intenção deste partido no sentido de prometer vir a coligar-se com uma segunda força política – neste caso o CDS/PP – caso não venham a estar reunidas as condições que lhe garantam a maioria das intenções de voto à presidência da edilidade. Como isso não aconteceu, PP avançou com Telmo Correia, o candidato mais ganhador entre os quatro perdedores. Por sua vez, TC já fez saber que, no caso em que o PSD obtenha a maioria das intenções de voto, o CDS/PP não irá inviabilizar a gestão camarária, podendo aquele partido contar com a sua colaboração.
Paulo Portas, para minha grande surpresa, continua a cometer os mesmos erros, ou seja, o seu objectivo é estar no exercício do poder custe o que custar, numa condição de subalternização, independentemente do partido que lhe venha a dar essa oportunidade. É a falta de visão estratégica de um partido, ou de um líder, que reunindo todas as condições para se poder afirmar no actual mosaico político-partidário do centro-direita, prefere o “pensar pequeno” do pássaro na mão ao lutar abertamente pela conquista de uma franja da sociedade que intelectualmente nada tem a ver com o conceito tradicional de partidarismo político, pela concepção pró-europeísta que tem dos moldes em que deve vigorar a sua participação na política activa do país, nomeadamente quanto ao “feedback” que os políticos devem esperar dos cidadãos quanto às decisões a tomar sobre as grandes questões nacionais, normalmente resultantes de temas socialmente fracturantes.
Sem comentários:
Enviar um comentário