terça-feira, junho 17

A arte da guerra na versão social-democrata


“Não se deve esperar que as mulheres só pensem na política 24 horas por dia. São mais capazes de acumular tarefas e ocupações do que os homens”.
*
*
Esta é uma frase de Manuela Ferreira Leite dita numa entrevista ao “Diário Económico” de hoje, e que ilustra bem a sua disponibilidade em relação ao partido e ao país. As actuais Ministras da Educação e da Saúde é que hão-de ficar estupefactas perante estas afirmações vindas de uma profissional da política que aspira a vir ocupar o cargo de Primeira-Ministra, dentro de muito pouco tempo. Ou não será assim?
No passado domingo, Marcelo Rebelo de Sousa, na sua habitual crónica semanal no canal público de televisão, ousou levantar o véu do mistério que envolveu a ausência de posição do maior partido da oposição perante os recentes incidentes que tanto afectaram o país sobretudo no sector da grande distribuição, provocados pelo pequeno patronato que, ao que consta, goza de um grande apoio lá para os lados da Rua de São Caetano à Lapa; os novos pobres oriundos da classe média. Alguma massa cinzenta haveria de estar por detrás da sublevação destes pequenos empresários em que o “toque de clarinete” era recebido através do recurso às novas tecnologias…
Marcelo Rebelo de Sousa revelou-nos a táctica social-democrata para os próximos tempos. Falar o menos possível sobre os assuntos que afectam a nação, "deixar o governo estender-se ao comprido" (surpreendente esta alusão feita em horário nobre de uma estação pública de televisão), sobretudo fechar a sete chaves as ideias brilhantes que o PSD tem já na forja para a próxima temporada governativa - pós-período eleitoral legislativo -, não revelando em caso algum, o seu projecto, sobretudo aos portugueses. É com base na credibilidade da pessoa política de Manuel Ferreira Leite que os eleitores vão ter que votar. Por outro lado, é também evidente que não interessa ao partido ganhar as próximas eleições.
Os militantes que tinham sido afastados por Luís Filipe Menezes, no anterior acto eleitoral interno, estão de novo a postos para ocupar os lugares de topo no partido. É preciso deixar que José Sócrates faça o "trabalho sujo", e em 2009, ele ainda não estará concluído, bastando, para tanto, retirar-lhe a maioria absoluta que corresponderá ao trabalho preparatório que abrirá caminho à entrada pujante das mentes brilhantes social-democratas em 2013.
Em resumo, é preciso deixar que José Sócrates coma livremente os ossos, para seguidamente se banquetearem com a carne; a carne que será deixada como resultado de uma gestão séria, cumpridora de objectivos, no contexto de um novo ciclo político internacional que se abrirá e que se prevê próspero e politicamente estável.
*

Sem comentários: