Gostei particularmente desta frase, escrita por um militante social-democrata, que ainda há bem pouco tempo apoiou oficialmente a candidatura de Pedro Passos Coelho à liderança do PSD, através de um blogue criado para o efeito, “O Futuro é Agora”.
«Não consigo imaginar nenhum estado de necessidade patriótica que me levasse a concordar com um Bloco Central em que o PSD não fosse o partido liderante.»
Esta declaração refere-se a uma notícia do Público, em que Marcelo Rebelo de Sousa lança uns soundbytes sobre uma eventual coligação do PS com o PSD para as próximas eleições, baseado numa afirmação de Manuela Ferreira Leite em que esta "admite que a situação do país poderia impor acordos de regime" entre social-democratas e socialistas, naturalmente. Aliás, esta opinião não é inédita; sempre foi a visão partilhada por Cavaco Silva, sobretudo na época conturbada do partido, então presidido por Marques Mendes e que só muito a custo aceitou participar nas conversações que levaram à assinatura do Pacto para a Justiça, mais tarde denunciado pela liderança que lhe sucedeu. Aliás, chego até a pensar que Marques Mendes foi medalhado no 10 de Junho, talvez mais por demérito do que propriamente pelos serviços que prestou ao país. As condecorações do 10 de Junho abriram, assim, novo precedente: a condecoração a título de prémio de consolação.
Mas, ainda voltando à declaração feita por Vasco Campilho, pergunto-me e não consigo chegar a uma conclusão: porque é que este ilustre militante do PSD – e como este muitos outros - acha que o seu partido deveria liderar uma eventual coligação entre o PS e o PSD, num Bloco Central (de interesses) revisitado, quando o futuro do sentido de voto aponta claramente para uma nova maioria do partido socialista ou perto disso.
Não há dúvida que os estrategas do PSD tudo têm feito para limpar a imagem do partido dos recentes fracassos, que tiveram início com o abandono de Durão Barroso e, posteriormente, com a recondução de Santana Lopes na liderança do partido, em quem foi depositada toda a confiança para de novo se recandidatar ao lugar de primeiro-ministro.
Esta questão, e muitas outras da mesma natureza, daria matéria para uma tese de um qualquer doutorando em ciência política ou simplesmente versada sobre o estudo do comportamento humano à luz da psicologia e da sociologia dos costumes.
Sem comentários:
Enviar um comentário