domingo, junho 15

A pretentious irish David is intended to smash down the european Goliath



Os eleitores irlandeses votaram Não pela terceira vez na Europa em três anos a um Tratado destinado a dotar a União Europeia dos mecanismos de que necessita para beneficiar de uma maior autoridade que lhe permita deter maior poder de influência no contexto da nova ordem da geopolítica mundial.
Um número inferior a um milhão de votantes poderá, assim, vir a afectar o curso das vidas de perto de 500 milhões de europeus, pertencentes aos 27 Estados-membros que agora fazem parte desta combinação tão diversificadamente endógena quanto aos factores culturais, sócio-económicos e políticos. Não faz sentido nem existe qualquer justificação plausível que leve um país isolado a evocar razões de ordem constitucional para referendar isoladamente um Tratado cujo articulado tem vindo a ser contestado pelos mais diversos grupos sociais e políticos em toda a Europa e que viram as suas posições subliminarmente transvertidas em ratificações por via parlamentar.
As razões de fundo são bem diferentes em cada Estado-membro e não estão em consonância com as evocadas pelos irlandeses, quer pela via oficial, quer pela oficiosa.
Oficialmente, o irlandês comum diz duvidar das reais capacidades do establishment político pró-europeu sediado em Bruxelas, cuja influência tem vindo a crescer, sobretudo no plano económico, pretendendo trazer à discussão a visão da União Europeia que deu origem à formação do primeiro bloco de Estados que conduziu ao forte crescimento económico do seu país. Por seu turno, os políticos e os empresários, partidários do Sim, reconhecem a contribuição dada pela União Europeia, que ajudou a transformar a Irlanda, cuja economia dependia essencialmente da agricultura, num país próspero, fortemente industrializado, com relevância para o sector da alta tecnologia.
Mas, aquilo a que os irlandeses oficialmente chamam de governance anti-democrática emanada dos gabinetes dos burocratas de Bruxelas, não é mais do que, do ponto de vista oficioso, o receio de virem a perder a sua tradicional neutralidade e influência no que diz respeito à eventual uniformização da política económica, que no caso da Irlanda a forçaria a eliminar os elevados incentivos que foram dados ao investimento estrangeiro, por via da redução dos impostos às empresas, o que fez com que os capitais estrangeiros rumassem, em grande número, em direcção àquele país, tendo, assim, contribuído para o crescimento exponencial da sua economia.
Mas, infelizmente este não é o cenário da maior parte dos países que compõem a União Europeia, Portugal incluído, e numa atitude de puro altruísmo e de nenhum egoísmo, os seus povos compreenderam a gravidade da situação, depois de decorridos vários anos de políticas inócuas, e contemporizaram com os seus governantes, neles depositando os destinos dos seus países, porque também eles querem crescer economicamente, proporcionando um futuro melhor para as gerações futuras.
Todos nós, pró-europeístas, os que acreditam no projecto europeu, contamos com o establishment de Bruxelas para rapidamente encontrar uma saída para este momentum na história da União, em parte resultante da incompetência dos políticos irlandeses pela sua incapacidade mobilizadora junto das populações que se deixaram levar pelas vontades eurocépticas de grupos que ainda não se aperceberam do perigo que constitui, no contexto geopolítico internacional, uma Europa desunida e sem rumo.
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