quinta-feira, junho 21

A construção do novo aeroporto - O "case study" da actualidade portuguesa


A construção de um novo aeroporto será sempre uma obra emblemática de uma legislatura e, decerto, garantirá o mandato subsequente do governo que mandar edificar esta infra-estrutura. E, é basicamente esta questão essencial, que tem alimentado toda a polémica proveniente dos vários sectores da sociedade, que se opõem à construção do novo aeroporto internacional na Ota.
A estrutura da sociedade portuguesa está assente em pilares de conveniências afectos aos lobbies, às clientelas, aos múltiplos interesses corporativos, todos eles dependentes, quer directa ou indirectamente, do aparelho institucional do Estado. Por isso, qualquer propósito reformista, qualquer decisão que venha a ser tomada pelo governo, susceptível de abalar essa estrutura, encontrará sempre a maior das contestações, ao que se lhe seguirá o back up das instituições politico-partidárias igualmente envolvidas nesse triângulo de influências, constituído pelos politicos, pelos partidos e pelos grupos de pressão que representam a sociedade civil.
É risível o paradigma da argumentação que emerge das hostes politico-partidárias da oposição contra a construção do novo aeroporto na Ota, cujo epicentro é, como não poderia deixar de ser, num país a debater-se com uma carência de meios profunda e generalizada, o avultado investimento envolvido na implementação desse equipamento aeroportuário. Apesar de a realidade dos factos demonstrar que eles próprios já autorizaram a elaboração e o pagamento de milhões em estudos durante a vigência dos seus próprios ministérios, a desfaçatez e o cinismo não conhecem fronteiras, são imunes à própria ética que aconselha racionalidade e bom senso.
Para além de tudo isto, apercebemo-nos da falta de visão estratégica de que sofre a maior parte dos nossos políticos, em clara dissonância com o espírito que aponta para a inevitabilidade da reforma do actual modelo institucional, que acompanha a natural evolução da sociedade e que resulta de uma nova realidade imposta pela livre circulação de pessoas e bens num espaço alargado, materializado pela união europeia dos estados, do subsequente fenómeno social da multiculturalidade e de uma nova ordem económica protagonizada pela semântica da globalização.

Sem comentários: