sábado, janeiro 12

A solução Portela +1


À semelhança de muitos ilustres cidadãos deste nosso pequeno burgo, também eu já me pronunciei aqui e aqui, sobre a construção do novo aeroporto internacional de Lisboa.
*
A solução Portela + 1, é decididamente a solução que eu não defendo e muito gostaria de saber o que move a Associação Comercial do Porto a pronunciar-se sobre esta matéria, a não ser os habituais interesses económicos que ladeiam a escolha do local de implantação do novo aeroporto.
Esses interesses são quanto a mim legítimos desde que a anteriori não pretendam interferir na referida escolha, cuja decisão só caberá ao governo, "assessorado" pelos respectivos estudos técnicos sobre a sustentabilidade do projecto, designadamente nas áreas ambiental e urbanística - assim como também caberá ao governo decidir se a referida construção deverá ser faseada, se o aeroporto da Portela deverá ser desactivado e/ou a empresa ANA privatizada.- A decisão é uma decisão política e não deverá, quanto a mim, ser tomada com base em critérios exclusivamente economicistas, visto tratar-se de uma grande infra-estrutura que tem por base dois aspectos fundamentais: a previsão do aumento em larga escala do tráfego aéreo e respectiva circulação de pessoas e bens a muito curto prazo, e o período de conservação/utilização que se espera venha a ser de várias décadas.
*
Aspectos bastante positivos sobressaíram de toda a polémica gerada à volta deste tema, a começar pela mobilização da chamada “sociedade civil”, concretamente na pessoa do Sr. Francisco Van Zeller, presidente da CIP, que mobilizou os meios necessários para a realização de um novo estudo que terá servido de base à apreciação favorável, por parte do LNEC, da nova localização, a de Alcochete. Relevante foi igualmente a participação activa em todo este processo, por parte de professores catedráticos e docentes universitários que se empenharam na presente causa, e que, independentemente de terem ou não sido movidos por interesses de vária ordem, ajudaram a contribuir para o enriquecimento e consolidação do nosso sistema democrático, através das regras básicas da salutar convivência.
No entanto, o aspecto mais positivo foi o facto de o senhor primeiro-ministro, pressionado ou não, (e aqui faço referência à intervenção do senhor Presidente da República que, desde o início, abraçou esta causa) ter mostrado uma certa dose de humildade perante os portugueses; ter chegado à conclusão de que as posições unipessoais, mesmo que subscritas pelos altos dirigentes de cargos públicos, podem deitar a perder o saldo positivo daquele que tem sido sinónimo de um bom projecto de governação, ultrapassando o domínio do racional para passar ao da pura obstinação.
*
Não posso, no entanto, deixar de recordar os indecifráveis milhões gastos, ao longo das várias legislaturas, em estudos que indicavam a construção do novo aeroporto na OTA, e estabelecer um paralelo com as discussões acaloradas e não chegadas a bom termo, entre o Ministério das Finanças e as Confederações de Trabalhadores, sobre o aumento da taxa salarial para o corrente ano, traduzindo-se a divergência de posições numas insignificantes décimas, valor já largamente ultrapassado por aquela que se prevê vir a ser a subida da taxa de inflação para o mesmo período, como consequência do aumento galopante a que temos vindo a assistir do preço dos combustíveis fósseis.
*

Sem comentários: