quinta-feira, outubro 4

Democracia: Estados-Unidos - A Tentação Dinástica


Nos Estados-Unidos a tentação dinástica faz o seu percurso, apesar da concentração dos poderes daí resultante, poder ser travada através dos boletins de voto.
Se Hillary Clinton for eleita em 2008, e, posteriormente, num segundo mandato em 2012, isso significará que a Casa Branca terá ficado nas mãos de duas famílias durante sete mandatos presidenciais consecutivos. George W. Bush conquistou a Casa Branca em grande parte porque herdou de um anterior presidente um nome e o seu respectivo bloco de endereços das entidades doadoras.
Se os americanos pretendem que a América seja uma democracia aberta e igualitária, deverão pensar duas vezes antes de permitir a substituição da dinastia actual por uma outra.
Na Ásia, em países como o Paquistão, a Índia, o Bangladesh e o Sri Lanka, a prática corrente de uma esposa, um filho ou filha herdarem o poder, é vista como natural, mas também é sintoma de uma democracia imatura. Para a América ser comparável ao Sri Lanka, bastaria para tanto que Jeb Bush, irmão do actual presidente, sucedesse na Casa Branca a Hillary Clinton.
A eleição na América da primeira mulher para presidente, constituirá sempre uma lufada de ar fresco no sistema político americano, assim como também a eleição de um primeiro presidente negro ou latino-americano, à semelhança do que aconteceu com a eleição de John Kennedy em 1960, o primeiro presidente católico a ser eleito. Mas para que não seja entendida como “dinastia presidencial”, será necessário que à primeira mulher eleita não lhe liguem laços familiares com anteriores presidentes, pois, o que teria de acontecimento inédito e inovador, em matéria de presidenciais na América, logo o efeito seria atenuado pela simbologia associada a este tipo de eleição, por via da sucessão dinástica, como seria no caso da Argentina ou do Bangladesh.
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Fonte: The New York Times

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