Fukuyama tinha razão neste ponto : o número de países ditos “democráticos” não cessa de aumentar. É claramente mais elevado do que em Outubro de 1989, às vésperas da queda do muro de Berlim. É inclusivamente mais elevado do que há dez anos. De facto, nunca se realizaram tantos actos eleitorais livres – ou quase livres – no mundo. Devemos regozijar-nos por isso? Nem tanto! Ainda há um fosso entre democracia formal e democracia real. Tanto ao Norte como ao Sul, o dinheiro compra votos e controla os meios de comunicação. E as dinastias políticas, astuciosamente ignoradas pela História, instalam-se no coração das “democracias”. Nenhum país é poupado. Podemos, certamente, contentar-nos com a definição minimalista proposta por Karl Popper. Para este filósofo liberal, a democracia não é mais do que permitir ao povo, de tempos a tempos, “recusar os homens que estão no poder”, substituindo-os pelos que foram anteriormente demitidos.
Na Rússia, sem dúvida, os democratas contentar-se-iam com isto. Mas Putin decidiu de outra forma. No dia 1 de Outubro, anunciou o seu propósito em se tornar Primeiro-ministro, após as legislativas de Dezembro, conferindo ao actual, Viktor Zubkov, seu amigo de longa data, o lugar de presidente. Com 66 anos, o actual Primeiro-ministro já não tem o perfil de um delfim potencial. Neste jogo de cadeiras, o eleitor russo é iludido. Como observa Moskovski Komsomolets, o chefe do Kremlin fez correr o ferrolho da Constituição (que não lhe permitia candidatar-se a um terceiro mandato) e aboliu todo e qualquer limite temporal: “Como o povo é fraco, teremos Putin para sempre!”
Rússia, Paquistão, Myanmar, Iraque, Palestina… Por todo o lado, a democracia – esta soberania do povo – coloca problemas. Para dar a conhecer as suas dificuldades, o canal de televisão Arte encomendou dez filmes, propondo, de 8 a 15 de Outubro, uma grande abordagem a este horizonte. O Correio Internacional, partidário desta inteligente iniciativa da cadeia televisiva franco-alemã, consagra o essencial do seu número ( 883 de 4 de Outubro) aos prós e contras da democracia no mundo. Sem pessimismo, mas também sem optimismo.
Na Rússia, sem dúvida, os democratas contentar-se-iam com isto. Mas Putin decidiu de outra forma. No dia 1 de Outubro, anunciou o seu propósito em se tornar Primeiro-ministro, após as legislativas de Dezembro, conferindo ao actual, Viktor Zubkov, seu amigo de longa data, o lugar de presidente. Com 66 anos, o actual Primeiro-ministro já não tem o perfil de um delfim potencial. Neste jogo de cadeiras, o eleitor russo é iludido. Como observa Moskovski Komsomolets, o chefe do Kremlin fez correr o ferrolho da Constituição (que não lhe permitia candidatar-se a um terceiro mandato) e aboliu todo e qualquer limite temporal: “Como o povo é fraco, teremos Putin para sempre!”
Rússia, Paquistão, Myanmar, Iraque, Palestina… Por todo o lado, a democracia – esta soberania do povo – coloca problemas. Para dar a conhecer as suas dificuldades, o canal de televisão Arte encomendou dez filmes, propondo, de 8 a 15 de Outubro, uma grande abordagem a este horizonte. O Correio Internacional, partidário desta inteligente iniciativa da cadeia televisiva franco-alemã, consagra o essencial do seu número ( 883 de 4 de Outubro) aos prós e contras da democracia no mundo. Sem pessimismo, mas também sem optimismo.
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Philippe Thureau-Dangin
Courrier International, Editorial
Philippe Thureau-Dangin
Courrier International, Editorial
(edição francesa)
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