segunda-feira, novembro 5

A perda de privilégios da direita ortodoxa


Numa das suas habituais crónicas que escreve para o Público, Vasco Pulido Valente refere uma sondagem “que revela que 58,9 por cento dos portugueses não conhecem o Orçamento do Estado para 2008, porque não o tentaram perceber ou porque pura e simplesmente o ignoraram”. Penso que essa fatia dos inquiridos deverá corresponder grosso modo aos cidadãos portugueses que têm vindo a contribuir para o elevado índice da abstenção nos actos eleitorais, não sendo, portanto, de admirar a conclusão a que chegou esta sondagem.
Muito para além do governo, são os partidos políticos em geral, e os opinion makers em particular, dos quais VPL é um exemplo vivo, os responsáveis directos pelo estado de letargia política a que chegou a maior parte dos nossos concidadãos, uma vez que nada fizeram ou têm vindo a fazer para alterar o estado anímico em que se encontra a nossa sociedade, refugiando-se nas suas “tamanquinhas” de áureos intelectuais a quem são reconhecidos todos os direitos, nomeadamente o de criticar impunemente e sem base de sustentação, o que de positivo se tem vindo a fazer em quase todas as áreas da sociedade, independentemente do contributo nulo que é dado por quem entende não querer ser parte activa em todo este processo de mudança.
Os mesmos que clamam pela reforma da administração pública, no sentido da redução da despesa corrente primária, optando pela via da crítica desfocada e “xenófoba” sempre que o tema é a atribuição das famigeradas prestações sociais (o tão discutível Estado Providência) "sem utilidade ou justificação", como afirma VPV, são os mesmos que estariam dispostos a serrar fileiras contra um Estado que decidisse diminuir o seu peso na economia, através da privatização de sectores como por exemplo o do ensino, e os mesmos que têm contribuído para o protelamento da concretização dos investimentos na área das grandes obras de infra-estruturas, com as suas vãs e inconsistentes polémicas, unicamente destinadas a servir interesses políticos.
O crescimento da nossa economia passa sobretudo pela realização daqueles projectos, a par da modernização do aparelho administrativo do Estado. Depois, virá seguramente a redução de impostos e começarão a dar frutos as démarches que têm vindo a ser efectuadas no âmbito da revitalização do tecido económico. É que não é ao Estado que compete assegurar directamente o crescimento da economia, mas sim criar as condições para que esse crescimento venha a ter lugar, incutindo a necessária confiança aos respectivos agentes económicos.
Como diria o Dr. Miguel Beleza, que conhecimentos é que o Dr. Vasco Pulido Valente tem da área económica para vir para a imprensa debitar alarvidades, digo eu, ao avançar com a frente espanhola para a resolução dos nossos problemas? Como é sabido, neste momento os espanhóis já controlam grande parte do nosso sector económico. Nem por isso criaram riqueza nacional. Para os espanhóis, Portugal é uma extensão de mercado; o seu único objectivo é o facturamento e a transferência dos fundos para o seu país. O que há para lhes dar ainda mais? Colocá-los no Parlamento? A ideia não será má nem inédita. O processo já foi iniciado pela via dos clubes de futebol…

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