terça-feira, agosto 7

A cadeira do poder


Três tipos de comportamento diferentes que correspondem a três personalidades distintas. Qualquer um deles poderá mudar o rumo das grandes linhas de orientação que têm conduzido os destinos do maior banco privado português.
Joe Berardo entrou pela porta da frente do Palácio da Bolsa, onde estava previsto realizar-se a assembleia geral do BCP, aparentemente sem segurança privada, e respondendo às perguntas que lhe foram colocadas pelos jornalistas. Jardim Gonçalves entrou pela “porta dos fundos”, devidamente acolitado pelos seus seguranças, deixando transparecer aquela expressão de homem seguro, tão característica de quem, à partida, já ganhou nos bastidores aquilo que seria incapaz de conquistar no terreno, a céu aberto, a partir de uma sessão de debate plural e esclarecedor sobre os métodos, sobre as práticas, sobre o rumo. Paulo Teixeira Pinto também entrou pela “porta dos fundos”, mas por razões visivelmente diferentes. Sobre os seus ombros jogava-se o futuro de uma instituição bancária reputada e representativa de grande parte do património financeiro português. Mas, Paulo Teixeira Pinto ficou muito aquém das expectativas que alguns accionistas depositaram nele, desde logo por ter retirado da ordem de trabalhos a proposta por si apresentada, e que previa o alargamento do número de membros do Conselho de Administração, permitindo-lhe, assim, uma gestão mais filtrada da influência exercida pelo presidente do Conselho Geral e de Supervisão do banco. Se Jardim Gonçalves quisesse a sua demissão, tendo a seu lado representada a maioria do capital accionista, então teria “permitido” a votação daquela proposta que seria liminarmente chumbada pelos accionistas seus apoiantes, sabendo, à partida, que a consequência directa resultaria no pedido de demissão de PTP, conforme foi veiculado pela imprensa. Este viria, pois, a ser o seu grande trunfo que não quis ou não soube aproveitar, tendo-se deixado influenciar pelos pareceres jurídicos presenciais, verdadeiros spin-offs da mudança na continuidade, que em tudo comprometem o seu projecto de definição estratégica delineado para a instituição.
O futuro dirá quem destas três personalidades sairá vencedor. Os vencidos já são conhecidos, entendem-se por todos os pequenos accionistas “indiferenciados” que confiaram os seus capitais a esta instituição, e que diariamente vêem os seus títulos desvalorizar perante a indiferença e a passividade destes agentes mobilizadores da instabilidade, fiéis defensores de uma linha de rumo traçada e orientada na primeira pessoa.

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