segunda-feira, agosto 27

A cultura portuguesa e o projecto europeu


Na imprensa estrangeira europeia, nem uma palavra sobre Eduardo Prado Coelho. Pelo menos na imprensa escrita de referência que consultei até ao momento.
Esta omissão, por parte dos meios de comunicação sediados no espaço europeu, tem para mim duas interpretações.
A primeira é sintomática do peso que o nosso país tem nos círculos de influência representados pela Diplomacia Europeia que integra, primeiro a Europa dos 15, e posteriormente a Europa dos 27 estados-membros. Trata-se, pois, de um peso nulo. A maior culpa deste estado de coisas, cabe aos nossos governantes que não têm sabido administrar devidamente a área de competências reportada à selecção dos meios técnicos e humanos destinados à divulgação da nossa cultura nos países da União Europeia, através da revelação daquele que é o mosaico pluridisciplinar do nosso saber em convergência com a nossa tradição histórica e respectivos agentes.
A figura do adido cultural é uma peça fundamental do xadrez político que desenha a nossa hegemonia identitária enquanto país cultural, e, de uma maneira geral, as entidades que têm vindo a ser indigitadas para esses cargos, muito pouco ou nada têm feito nessa área, excepção feita a Eduardo Prado Coelho, com o trabalho de divulgação que desenvolveu em França. Já o mesmo não podendo ser dito dos resultados obtidos no contexto inglês, em que as motivações político-partidárias falaram mais alto, com o consequente resultado que está à vista.
Noutro parâmetro, o caso Maddie é paradigmático do respeito que os ingleses mostram pelas nossas instituições, o que é o mesmo que dizer pelo nosso país, por nós, portugueses.
A segunda interpretação é fruto de alguma reflexão. Temos vindo a viver momentos de grande euforia e de franco optimismo no que diz respeito à réussite do projecto europeu, às oportunidades que esperamos vir a obter, num cenário de crescimento económico, de bem estar social e de convergência política, em pé de igualdade com os vários estados. No entanto, e perante a indefinição e certas incompatibilidades que subsistem no seio da União Europeia, pode ser que esse ideal de projecto europeu não venha a passar de uma quimera, que só mais tarde realizaremos, após havermos hipotecado parte da nossa hegemonia em nome de uma causa comum. Esta seria uma forma pouco convencional de colonização, de perda de identidade, arquitectada a partir da secretaria. Já nada me admira neste mundo surreal da politica da dissimulação e do egocentrismo.

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