segunda-feira, julho 2

Moralizar a política



A campanha no sentido da instrumentalização da opinião pública contra as práticas de gestão deste governo, está a ser exercida em várias frentes. Chego à conclusão de que o caso é mais grave do que se possa pensar. Sectores como o da comunicação social - que se pretende seja imparcial e se limite a veicular a notícia sem dela fazer uso próprio - e instituições públicas sob tutela do poder central, tudo têm feito para desmerecer a política e os políticos, tendo agora optado pela “deslocalização” dos confrontos de bastidores para a praça pública. Inclusivamente, aqueles que eu me permito designar de livre-pensadores, tecnicamente referenciados como “opinion makers”, arautos de uma moralidade que se metamorfoseia segundo as conveniências, decidiram secundar os pontos de vista de uma oposição unida em visível celeuma, pela defesa da soberania de direitos constitucionais que, na sua óptica, passam à frente de outros direitos fundamentais, também inscritos na Constituição, que se prende com o direito que tem o cidadão de poder subsistir condignamente dentro do seu próprio país.
Faz todo o sentido a tomada de posição do governo convergindo com a necessidade que se afigura premente em moralizar a política, através da aplicação de medidas punitivas contra os pólos que projectam a instabilidade dentro do próprio aparelho da administração pública. Como diz Marques Mendes, “o Estado é de todos”. No entanto, o corpo de funcionários representativo desta instituição pública de poderes autónomos, rege-se por directivas que emanam do poder central, e, por conseguinte, deverá pautar-se por normas rígidas de conduta e não fazer das repartições públicas a extensão da sua casa ou a sede dos trabalhos da Comissão Política de uma qualquer secção partidária afecta à oposição.

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