sábado, setembro 8

Pareceres jurídicos


Chegou-me aos ouvidos através de um amigo que as sociedades de advogados são agora mais criteriosas na selecção das causas que aceitam defender, uma vez que se encontram a trabalhar quase em exclusivo para os vários organismos públicos que integram os diferentes ministérios.
O exercício do Direito está , pois, neste momento, a viver um período de “vacas gordas”, dada a profusão de pedidos de pareceres jurídicos que de repente invadiu os gabinetes dos nossos ilustres causídicos.
Assuntos de resolução morosa, que envolvam fartos expedientes processuais, diligências que requeiram o dispêndio de um maior número de horas para além do tempo aceitável, são tudo razões que servem de argumento para “mandar um cliente às urtigas”, mesmo que em tempo de vacas magras, ele tenha contribuído para manter de pé o seu “estabelecimento”, num quadro de concorrência intestina, no mercado saturado dos “técnicos do Direito”.
Os advogados estão efectivamente a transformar-se na classe profissional dos mercenários, em que são movimentadas elevadas somas de capital em troca da “venda” de pareceres jurídicos que, “por dá cá aquela palha”, são solicitados de uma forma indiscriminada, sem qualquer critério de grau de exigência ou prescindibilidade.
Só espero é que não tenha sido encontrada mais uma forma camuflada de financiamento partidário, em alternativa à recorrente (e cada vez mais identificada) approach às grandes empresas ligadas ao sector da construção civil, cujas contrapartidas exigidas têm sempre por base acautelar os direitos de preferência do sector corporativo, dando assim consistência a todos os “ismos” que se possa imaginar e que traduzem uma certa forma transgressora de fazer e de estar na política.
A mesma opinião, é expressa pelo autor do blogue Boca de Incêndio, talvez de uma forma um pouco menos ortodoxa, mas que deriva das legítimas preocupações dos cidadãos em geral e dos que se sentem visados em particular, e que se entende por todos os profissionais do Direito, ilustres desconhecidos deste mundo equívoco da advocacia.

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